A fama do vinho da Nave do Barão já vem de longe e foi contemplado no Foral que o Rei D. Afonso III, concedeu a Loulé (1266), quinze anos depois da conquista definitiva do Algarve. De acordo com a historiadora Isilda Martins, in “O foral de Loulé”, “nas vinhas o rei reservou, as melhores, nelas foram incluídas as da Nave do Barão e o seu segredo, ainda hoje mantido, do seu tão apreciado vinho”. É dado como um dos vinhos que ia à mesa deste rei D. Afonso III e, mais tarde, de D. Dinis, o rei sucessor.
Ao longo dos séculos, os baronenses tiveram o vinho como principal fonte de rendimento, uma vez que a extensa várzea da Nave do Barão estaria completamente ocupada por vinhedos, que produziam o tão afamado vinho. Devido às técnicas de fabrico e à forte maturação das uvas no verão soalheiro e quente, atingia valores elevados de álcool, de tal forma que os forasteiros, depois de beberem dois copos do precioso néctar, ficavam completamente “almareados”.[1]
No entanto, no final do Séc. XIX, as vinhas da Nave do Barão foram atacadas pela filoxera, uma doença provocada pelo inseto Penphigus vitifoliae que ataca a parte subterrânea da planta. Desta forma, a zona destinada a vinhas passou a ser a Lagoa da Nave, talvez por terem verificado que nessa zona a temível doença não se fazia sentir com tanta intensidade, devido à proximidade do imenso espelho de água que ali se forma no inverno e se prolonga até ao mês de maio.
Apesar de ter reduzido imenso a área de vinha, houve quem desse continuidade à produção do famoso vinho da Nave do Barão, que hoje ainda é feito com recurso a técnicas antigas: o chamado vinho de bica aberta de cor rosada ou o vinho de infusão de cor mais escura.
[1] Palavra de origem algarvia que significa estonteado.